É normal estar triste, mas atenção aos excessos!

2 outubro, 2023

É natural ficar triste quando acontece alguma coisa ruim ou quando temos alguma perda, por isso nesses casos é importante se permitir vivenciar esta tristeza. Chorar, desabafar, lamentar-se são formas de externalizar os sentimentos ruins, trazendo alívio e tranquilidade.
Segurar o choro é prejudicial, pois você estará guardando aqueles sentimentos consigo e eles podem acabar saindo "involuntariamente". Sabe aquele choro "sem motivo"? Geralmente acontece pelo acúmulo de sofrimento não elaborado.
O choro e desabafo ajuda a elaborar o sentimento e tomar decisões mais assertivas.
A tristeza torna-se preocupante quando aparece com frequência e intensidade aumentadas, quando a angústia não é aliviada com o choro. Nestes casos é importante buscar ajuda profissional, pois pode ser um sinal de depressão. A depressão tem tratamento e com tratamento é possível ter qualidade de vida e bem estar. Não acumule sofrimento, procure ajuda!
Atenção aos excessos, geralmente são sinais de alerta. Consulte sempre um profissional de saúde mental para auxiliar no diagnóstico e tratamento.
Cuide da sua saúde mental. Faça psicoterapia.



 

Setembro Amarelo

19 setembro, 2023


 

Atendimento para o público infantil e juvenil

19 setembro, 2023

Agendamento disponível para Avaliação Psicológica, Orientação Parental e Psicoterapia para crianças e adolescentes.


 

Entenda a diferença entre ansiedade saudável e ansiedade patológica

29 agosto, 2023

Sentir-se ansiosa(o) nem sempre é um problema. Entenda algumas diferenças entre a ansiedade saudável e patológica.
Caso você se identifique com as características de ansiedade patológica, não se desespere! Procure ajuda profissional. Não se autodiagnostique e nem se automedique! Somente um (a) profissional de saúde mental (psicóloga(o) ou psiquiatra) poderá realizar o diagnóstico e indicar tratamento.
Nem todo sintoma físico é ansiedade! Talvez possa ser algo físico mesmo, por isso é importante procurar um médico para avaliar.
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Motivação para a semana

28 agosto, 2023

A segunda pode não ter sido tão boa, mas sempre é tempo de resgatar o foco, retomar os objetivos.
Identificar e comemorar as conquistas, mesmo que sejam pequenas, é um impulso motivador para seguir o planejamento.
Cada dia vem repleto de possibilidades, experimente identificá-las e usá-las a seu favor!
Cuide-se! Faça terapia!
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Transtornos Alimentares

15 agosto, 2023


 

Missão, visão e valores

14 agosto, 2023


 

Dia dos pais

13 agosto, 2023

É sempre bom refletir além dos objetivos comerciais das datas comemorativas.
Às vezes parece que as datas comemorativas tem poder de apagar situações desconfortáveis e trazer harmonia para as famílias e relacionamentos. Só que não!
É importante lembrar que quase 500 crianças por dia são registradas sem o nome do pai no Brasil, sem contar as que tem o nome do pai no registro, mas não na vida.
Precisamos ter cuidado para não romantizar o que não é romântico!
Muitas vezes, a pressão social em cima das datas comemorativas traz a sensação de obrigatoriedade em comemorar, presentear e estar junto de alguém que não esteve presente na maior parte de sua vida, e inclusive, possivelmente esta ausência tenha lhe trazido diversos problemas e angústias que não são fáceis de elaborar.
Além de situações desconfortáveis, essa pressão ainda pode lhe ocasionar culpabilizações e revitimizações desagradáveis e desnecessárias.
É importante refletir sobre o real sentido que cada data traz para cada pessoa e poder ter segurança em recusar aproximações que podem ser tóxicas ou prejudiciais.
Se você é, se você tem ou teve um pai responsável, comemorem sempre que puderem, independente do dia dos pais.
Mas, caso você não seja um pai responsável, reveja suas atitudes com seus filhos, sempre respeitando a subjetividade deles, que deve ter sido construída sem você.
E se você não teve um pai responsável, não sinta-se obrigada(o) a agradar o genitor desconhecido. Você já deve ter sofrido demais com a ausência dele, e quem deve tentar repará-la não é você!
Respeite seu tempo e seus sentimentos, principalmente para não reproduzir em sua descendência as ausências que tenha vivenciado.
Feliz domingo!
Feliz dia!

 

NÃO seja uma boa garota!

5 agosto, 2023

Se você nasceu com vagina, provavelmente deve ter crescido ouvindo uma série de restrições e determinações para que as pessoas a vejam como uma "boa garota".

"Seja gentil", "seja educada", "seja doce", "seja obediente", "não fale alto", "não corra", "seja delicada", "se comporte como uma garota", "o que vão pensar de você?"

Essas expressões são comumente proferidas em forma de preocupação à todas as garotas, no intuito de que, caso você não siga estas orientações, provavelmente será "mal vista", ou "não se dará o respeito".

Ser uma boa garota é uma tarefa das mulheres. Você já reparou que nós fomos criadas para servir? Reparou também que os homens foram criados para serem servidos?

Pois é! Eu chamo isso de machismo estrutural.

Essa cultura foi naturalizada ao longo do tempo, e essa naturalização é o que geralmente nos impede de perceber a sobrecarga, hiper-responsabilização e até algumas violências que são direcionadas a nós.

E sem perceber essas violências, muitas vezes nos vemos "culpadas" quando não conseguimos corresponder às expectativas depositadas sobre nós.

Logo, nos tornamos ansiosas, depressivas, estressadas ou desmotivadas, e consequentemente julgadas e mais desvalorizadas por apresentar sintomas e/ou patologias psíquicas. É comum também, em algumas mulheres, acontecer a somatização, quando os sintomas emocionais são externalizados no corpo, isso acontece em casos de altos níveis de ansiedade e silenciamento, pois a mulher encontra dificuldades em expresar o seu sofrimento e o organismo acaba por encontrar um jeito de expressar fisicamente essas dores.

Exemplos de somatização são: dores de cabeça frequentes, insônia, dores no corpo, fraqueza, problemas gástricos e intestinais, distúrbios alimentares, indisposição, entre outros.

Quando a mulher adoece, torna-se fragilizada e muitas vezes dependente, pois o adoecimento reforça a sensação de impotência, frustração e fracasso.

Em outro texto meu entitulado: Será que você é louca ou vítima de violência?, falo um pouco mais sobre este adoecimento. Neste texto, quero explanar um pouco mais sobre a "bondade" que é cobrada de nós.

Comumente nos sentimos culpadas por magoar o próximo quando não fazemos o que o outro deseja, e por muitas vezes nos vemos "cedendo" às insistências dos homens, pois de certo modo, nos sentimos "obrigadas" a tal. Fomos criadas para servir, lembra?

Negar servir aos homens geralmente nos causa diversos transtornos, até mesmo por parte de outras mulheres, pois, como o machismo é estrutural e naturalizado, a maioria das pessoas acredita de fato que agradar os homens é a nossa função. Logo, uma mulher que se impõe é vista como agressiva e intolerante.

E aqui trago alguns questionamentos:

Até quando temos que ser tolerantes como que nos faz mal?

Porque temos que ser boas o tempo todo e eles não?

Porque a docilidade é atribuída somente às mulheres?

Se você nunca parou pra pensar sobre isso, reflita sobre suas relações e repense sobre essa pseudo bondade que lhe é cobrada.

Não seja uma boa garota! Seja boa para você! Priorize-se mais e diga não quando precisar. Não se culpe por se priorizar. Sua saúde mental merece ser valorizada.

Amar o próximo como a si mesma, envolve primeiro amar a si mesma! Pensa nisso!

 

Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais

30 julho, 2023

Como seres sociais que somos, nossa vida é fortemente influenciada pelo ambiente ao qual estamos inseridos. Isso começa lá na barriga. Os sons, sabores, sentimentos e tudo o que a pessoa gestante experiencia são absorvidos pelo feto formando ali as suas primeiras memórias.

Ao nascer, somos influenciados por quem nos cria (pais, mães, avós ou outros) estes tornam-se nossas referências boas ou ruins de acordo com o tratamento que recebemos, e a partir daí, vamos fazendo nossas escolhas.

Independente das escolhas que fizermos, sempre serão influenciadas pela nossa parentalidade, pois é ali que acontecem os primeiros aprendizados e direcionamento para as primeiras escolhas.

Muitas vezes, esses primeiros aprendizados podem ser traumáticos para algumas pessoas, por motivos diversos como negligência, maus tratos ou violências, o que com certeza vai trazer influências ruins nas escolhas e até prejuízos emocionais e cognitivos.

Mas na maioria das vezes, a família é uma referência boa e de afeto, e culturalmente transmite a idéia de “correta”, ou seja, existe a idéia de que os ensinamentos da família são sempre os melhores, pois a família é a sua “base” e se desviar disso pode ser muito ruim para você.

A família trasmite segurança, logo, a sensção de estar longe da família pode te levar a “perigos” e “caminhos ruins”.

Parece perfeito, mas não.

E porque isso é tóxico?

Nem sempre a nossa família tem as melhores escolhas e ensinamentos, pois o conhecimento que os nossos pais adquiriram foi baseado nas escolhas, vivências e preferências deles, e seguir o mesmo caminho, pode até ser seguro, porém limitante. O que possivelmente pode trazer frustração.

Outro ponto bastante influenciador é a funçao atribuída ao humano desde criança: dar orgulho à família. Desapontar os pais é algo extremamente negativado em nossa cultura, pois significa não ser mais amado por eles. Essa é a idéia mais cruel e aterrorizante que um humano pode ter, e o medo de perder esse amor parental é o que nos leva muitas vezes a permanecer neste campo seguro que é o caminho trilhado pela família.

Expressões como “se você fizer isso, vou fiar triste”, “se não me escutar, você vai sofrer”, “eu era assim quando tinha a sua idade, você será igual a mim”, “ficarei tão feliz se você seguir este caminho” são comuns no seio familiar, e parecem motivadoras, porém também são reforçadores da idéia de que você será mau se não der esta “satisfação” à sua família.

É fato que a maioria das famílias quer o melhor para seus filhos, porém as expectativas depositadas neste “melhor” muitas vezes desconsidera os desejos próprios do indivíduo, o que inconsicentemente leva-o a pensar que seus desejos não são importantes ou são ruins, logo, passa a reprimí-los.

Geralmente na fase da adolescência, a pessoa costuma a ser mais “rebelde” e fazer escolhas impulsivas de acordo com seus desejos, o que muitas vezes resulta em insucesso ou frustrações. A reprovação da família à esta “rebeldia” é outo reforçador de que “sozinho, vc escolhe o caminho errado”, devendo portanto retornar ao caminho “seguro” trilhado pelos pais.

É claro que as famílias tem configurações diferentes e formas diferentes de lidar com suas escolhas, mas o que quero chamar a atenção aqui é ao fato de que somos fortemente influenciados pelas expectativas dos nossos pais, e isso é o que geralmente vai nos trazer frustração, pois nunca seremos como eles, e o ser diferente pode ser assustador.

Não tem a ver com os pais em si, mas com a estrutura socialmente construída sobre o conceito de família. Essa estrutura é limitante e fortalece a idéia de que o amor é possessivo e controlador.

Fazer escolhas próprias é muito difícil, pois envolve responsabilidade sobre as consequências dessas escolhas. Isso torna o seio familiar sua zona de conforto. Afinal, a frase do título parece uma boa resposta para justificar a frustração de não seguir suas próprias escolhas.

Vamos refletir!

 

Dia do homem?

29 julho, 2023

15 de julho foi definido como dia nacional do homem no Brasil.

Mas porque existe um dia do homem?

A primeira coisa que vêm à cabeça da maioria das pessoas é que o dia do homem é semelhante ao dia da mulher, porém não!

É importante esclarecer que o dia da mulher, 8 de março é um marco sobre a luta das mulheres, em memória às mulheres que foram queimadas lutando por seus direitos. Os homens nunca precisaram lutar por direitos. Por este motivo, não existe um dia do homem semelhante ao dia da mulher.

O dia do homem na verdade foi criado pela necessidade de conscientização dos homens com relação à saúde. O número de mortes de homens por câncer de próstata é altíssimo, porque infelizmente os homens não costumam investir em prevenção em saúde.

Os homens são os que mais morrem no Brasil e no mundo, não como as mulheres, que são mortas pela violência de gênero, os homens morrem por negligenciar os cuidados em saúde, tanto física, como emocional.

Pensando em suicídio, o índice de tentativas é bem mais alto entre as mulheres, porém, o índice de mortes é maior entre os homens.

O autocuidado em saúde para os homens é algo suprimido pela cultura machista, e isto tem a ver com a suposta "força" que os homens precisam demonstrar. Essa cultura exige certa insensibilidade dos homens, o que geralmente os torna mais agressivos e intolerantes.

Além da agressividade, a masculinidade frágil impede estes homens de investir em qualidade de vida, habitos saudáveis e promoção em saúde. Realizar exames de rotina, principalmente o tão temido exame da próstata representa "fraqueza" para estes homens, acarretando agravamento da maioria das doenças.

Geralmente os homens só vão procurar atendimento em saúde em casos de urgência, quando muitas vezes já não há muito o que fazer.

Assim, faz-se necessário realizar campanhas de concientização para este cuidado. Por este motivo foi criado o dia do homem.

Então, façamos jus à esta companha!

Referências:

https://demografiaufrn.net/2021/03/22/suicidio-uma-questao-de-genero/

https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-internacional-homem.htm

 

"master love"

29 julho, 2023

Hoje recebi um vídeo de uma pessoa divulgando o seu "trabalho". Ela refere ser coaching de relacionamentos e "master love". E o que dá a ela qualificação para tal? Ninguém sabe. Simplesmente essa pessoa se julga capacitada a "resolver" a vida afetiva e sexual das pessoas, porque ela acredita que a vida dela está resolvida.

A princípio, tive vontade de rir, pois a gente não acredita que aquilo é serio. Mas ao ouvir alguns comentários e notar o tanto de pessoas que oferecem este "trabalho" na internet, chega a ser bizarro. O pior é a quantidade de seguidores que estas pessoas alcançam. Gente que paga por isso!

É no mínimo revoltante!

Nós Psicólogas e psicólogos, estudamos cinco anos de graduação, mais pelo menos dois anos de especialização, realizamos pesquisa, publicações científicas, pagamos por um conselho profissional, respondemos ao código de ética deste conselho e tantas coisas mais, para sermos habilitados a ajudar as pessoas em suas questões e sofrimentos. E não pensem que nossa vida é "organizada" não! Nós também sofremos e não estamos imunes a ter problemas em nossa vida relacional. Não é sobre nós, é sobre a pessoa que está sendo atendida. Não é nossa vida pessoal que vai ajudar a pessoa, mas sim, todo o conhecimento técnico e científico que adquirimos estudando.

De que adiantaria eu falar para você sobre minha vida? Isso a maioria das pessoas fazem de graça. Minha vida não é exemplo para ninguém, até mesmo porque cada pessoa é única e tem vidas diferentes. Não adianta se espelhar na vida do outro, porque o outro tem particularidades que você não tem, ou tem outras particularidades diferentes.

A Psicologia requer certa preservação pessoal do profissional justamente porque não é sobre nós. Freud dizia que o analista atua como um "espelho vazio", que devolve ao analisando a sua própria fala, de forma que a pessoa possa ressignificá-la. Ou seja, o Psicólogo não está ali para dar dicas ou soluções, mas sim para ajudar-lhe a organizar as suas escolhas de acordo com as suas possibilidades.

Porém este é um longo e difícil processo!

Hoje em dia, infelizmente, as pessoas não estão dispostas a passar por longos processos, por isso buscam coachings, religiosos, medicamentos ou qualquer outra coisa que lhe ofereça um alívio rápido para o seu sofrimento, sem se dar conta de que este "alívio" é raso e tão logo, este sofrimento não curado pode retornar, ou até mesmo ser intensificado pelas espectativas que a atuação imediatista possa ter causado.

É ilusório pensar que "se tal pessoa conseguiu, eu também consigo". Tal pessoa teve oportunidades e recursos que você pode não ter, ou ter de forma diferente. A referência é importante sim, pois traz motivação e transmite a idéia de que aquilo é possível, porém, é necessário trabalhar em "como aquilo é possível para mim?", "quais recursos eu tenho e quais eu preciso para alcançar tal coisa?"

Falo mais sobre isso no meu capítulo do livro: Lidere suas emoções. Este é um livro de auto ajuda, um "livro coaching", porém escrito por pessoas formadas, que possuem certificação técnica e científica para tal. Mesmo que o profissional alí no livro esteja usando alguma referência pessoal, esta referência aparece de forma pontual, a fim de trazer aquela motivação que explico mais acima. Isto é possível, porém existe um caminho a percorrer.

Além da referência, é necessário que aquilo faça sentido para a pessoa. Se a pessoa não reconhece suas potencialidades, dificilmente irá dominá-las. Espelhar-se no outro pode, inclusive desviar-lhe das suas próprias potencialidades, pois estará empenhado em tentar encontar em si as potencialidades do outro. Esse movimento pode causar-lhe frustração e sentimento de incapacidade por não alcançar os resultados idealizados.

Escrevo este texto um tanto indignada, porém bastante preocupada com a proporção que a "era coaching" está tomando. As pessoas estão sendo cada vez mais enganadas pelo charlatanismo de alguns que se entendem no direito de dar "pitaco" na vida dos outros e ainda cobrar por isso.

Cuidado! Certifiquem-se sempre sobre a formação do profissional que oferece o serviço!

Assim como ninguém vai ao açougueiro pedir para que ele lhe faça uma sutura, não permitam que pessoas sem qualificação atuem sobre sua saúde mental. Saúde é coisa séria, e uma intervenção indevida, pode trazer transtornos e graves consequências para a vida das pessoas.

Medicina é com médico;

Nutrição é com nutricionista;

Fisioterapia é com fisioterapeuta;

Psicoterapia é com psicólogo!

Em fim, aqui fica o meu alerta. Espero que compreendam e compartilhem com seus colegas que podem estar sendo ludibriados por pessoas não capacitadas.

 

Ser mãe é "padecer no paraíso"...

29 julho, 2023

Mãe.

3 letrinhas que podem significar tantas coisas...Genericamente, mãe parece ser algo sobrenatural. Associada a perfeição, sabedoria, força e doação incondicional. O tal "amor de mãe".

Mas será que é bem assim? Ouvi dizer que toda mulher tem o dom para maternar, pois foi essa a determinação divina ao expulsar Adão e Eva do jardim do éden. Posto isso, aquela que não se torna mãe, é "incompleta" por não cumprir sua missão feminina.

Pois bem, as mulheres crescem com essa tarefa, a qual parece tão natural quanto respirar. E a recompensa é que cumprindo sua função, certamente receberá flores, beijos e abraços no segundo domingo de maio e algumas homenagens, porque "mãe não é gente, é anjo". Não se pode magoar a mãe, mãe é aquela que merece "respeito".

Mas que respeito é esse que se dá as mães? Não dizer palavrão e pedir bênção?Chamar de rainha e trazer flores no domingo?

Será que as mães precisam de mais? Parece que as mães não precisam de nada, porque são tão "fortes", "guerreiras"... mães sempre sabem o que fazer...

E o que acontece se essa mãe se cansar? E se essa mãe não souber o que fazer? "Mãe desnaturada!" "Mãe louca!" "Mãe doente!" "Mãe tóxica!"

Parece que o título de mãe é algo pré concebido, não é mesmo? Talvez introjetado socialmente naquela que recebe o cargo. "Mãe é mãe!"

Na verdade, a mãe é uma mulher comum, com dores, angústias, dúvidas e medo... muito medo. De repente ela vê ali uma ou mais vidas que dependem exclusivamente dela! Qualquer coisa que acontecer com aquelas vidas, serão "culpa" dela! E ninguém está preocupado em ajudar essa mãe, porque essa é a "função" dela...

Maternar é geralmente solitário e angustiante, muitas vezes enlouquecedor. E as flores do segundo domingo de maio não são capazes de aliviar essa carga "naturalmente" atribuída àquela que se torna mãe.

Ninguém escuta as dores da mãe, porque é a mãe quem escuta as dores de todo mundo... até de quem ela não pariu... Uma mãe sempre vai fazer o melhor pelos seus filhos, de acordo com o que ela acredita (que nem sempre vai ser o melhor). E o amor "incondicional" de mãe, sempre vai prevalecer (somos criadas pra isso).A culpa por qualquer problema que os filhos tenham, sempre vai recair sobre a mãe, e é isso que a tornará tóxica. Parece um ciclo sem fim. O "padecer no paraíso".

Contudo, não me arrependo de ser mãe. Nenhuma mãe se arrepende.

A angústia materna é algo que cada uma carrega consigo, e nem sempre dá pra levar pra terapia... nem sempre é possível expressar essas dores, porque não há espaço para isso!

Lamentar as dores da função materna sempre será visto como desamor. "Essa mãe não ama seus filhos". A queixa não é permitida às mães.

Em nome do amor, a mãe vai abrir mão da queixa, vai abrir mão da angústia, do cansaço e do medo. Porque não há outra alternativa. Os filhos precisam da mãe...

Este texto é um desabafo, uma provocação. Não trago "dicas" ou reivindicações, até mesmo porque, é complexo demais elaborar uma solução para a sobrecarga materna. É algo socialmente construído, estrutural.

Hoje é dia das mães, e eu sinto orgulho em ser mãe. Ficarei feliz em receber presentes, felicitações, beijos e abraços. Sinto orgulho em ter criado uma vida, e isso parece suficiente para "superar" minhas angústias. É a recompensa da maternidade.

Será suficiente? Com certeza não. Mas é o que tem pra hoje. Amanhã, ao ver minha filha sofrendo por qualquer motivo que seja, me sentirei péssima pelo "insucesso" da minha maternagem. E assim segue, num ciclo sem fim.

Talvez um dia nossa sociedade seja capaz de maternar em conjunto, e a mãe possa voltar a ser gente. Acredito que a toxicidade materna diminuiria consideravelmente.

Vamos refletir. E feliz dia das mães!

 

À mulher indesejada, não resta alternativas, a não ser, ser foda!

29 julho, 2023

Quem nasceu menina, ou seja, quem foi designada como menina ao nascer, automaticamente traz à família ou a quem quer que seja, uma expectativa: ser desejada por um homem!

Até mesmo nas famílias mais modernas e diversas, a expectativa que se cria com relação à uma mulher é sempre a mesma: Ela será desejada!

Você cresce! E nem sempre se dá conta de que em todas as fases da sua vida, a sua missão sempre foi “agradar”. Seja gentil! Seja agradável! Seja simpática! Tenha graça! Seja sensível! Seja doce, seja encantadora, seja

s e d u t o r a...

Afinal, pra que servem as mulheres, se não para trazer f e l i c i d a d e...?

E como trazer felicidade ao outro, se o outro não lhe deseja?

Logo, a mulher precisa ser desejável, desejada, cobiçada...

E quando ela não é desejável? Quando ela não “agrada”?

A mulher indesejada...

A mulher indesejada não corresponde às expectativas de ninguém, pois todos tem a percepção de que “ninguém vai desejá-la, ninguém vai amá-la”, logo, ela precisa ser muito boa em alguma coisa, para que alguém a perceba... mas ainda assim, talvez este atributo não seja suficiente, pois ela é habilidosa, ninguém quer exibir habilidades... Ela não é desejável...

Essa mulher não assume o lugar do “segundo sexo”, ela não assume lugar. Ela é um ser “excepcional”, mas não desejável...

Ela é incrível, ela é muito boa, mas ela não tem aquilo que todos desejam, ela não é “desejável”...

O que não é desejável, não pode ser amado, pois só se ama o que se deseja... É?

E se ela não é desejável, por quê ser amável? Por quê ser gentil? Por quê ser a g r a d á v e l?

Não adianta! Então ela pode ser ela mesma... Ela pode ser real! Ela pode ser f o r t e!

Ela pode ser FODA! Ninguém deseja a mulher indesejável! Logo, ela pode ser o que ela quiser...

E aquilo que acharam que seria um castigo para ela, tornou-se a sua libertação!

A mulher indesejável, é FODA! A mulher indesejável é capaz de tudo aquilo que a mulher desejável não pode ser...

É aí que a mulher indesejável passa a ser desejada...

Essa mulher precisa ser “controlada”, “adocicada”, “transformada”! Essa tarefa parece desafiadora!

Logo, desejam torná-la desejável.

Talvez tarde demais. Ela já é livre e percebeu que não precisa ser desejável, nem agradável!

Ela é suficiente...

Ela não tem medo, ela não se submete, ela não é “domável”

Mas a mulher indesejável também deseja... A mulher indesejável também fica vulnerável...

Mas quem liga? Ela não é desejável!

E assim, a mulher desejável aprende a não desejar... Ela reconhece o seu valor e não se submete a nada que possa lhe soar impositivo. A mulher indesejável passa a desejar-se... A mulher indesejável torna-se dona de si.

Agora, consciente do que acontece, ela se satisfaz... Ela fica satisfeita por ter sido “indesejável”, pois isso a livrou de muitas situações desagradáveis.

Logo, melhor ser indesejável do que submissa.

E assim segue. Desejável para si. E isso para ela, basta!

 

E quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?

29 julho, 2023

E quem irá dizer que existe razão?

Vivemos constantemente tentando encontrar equilíbrio entre o que é certo e o "não certo" entre razão e emoção, entre querer e poder, entre ser ou não ser...

Dizia Baumman que na modernidade líquida, o amor é algo frágil e facilmente mutável, pois as pessoas estão constantemente em busca de "mais".

A cada conquista, queremos mais, queremos melhor, queremos satisfação plena, a qual nunca é alcançável, pois estamos sempre em busca de "mais".

O que seria o "mais"? Talvez ninguem saiba, talvez ninguem tenha alcançado esse "mais", pois o tempo e energia gastos para alcançar o que se deseja, torna a conquista vaga, por vezes tediosa e sem graça, a adrenalina da busca constante torna o desejo insaciável.

Quanto mais se tem, mais se quer, já dizia o ditado. Seja dinheiro, seja conhecimento, seja amor...

Ah, o amor! Aquela coisa tão inesplicável que todo mundo deseja. Mas quem será que o tem? Quem será que o mantém?

O tão almejado amor, para alguns deve ser "evitável". Há quem diga que "o amor dói". Eu pergunto: Será que é o amor que dói? Ou será que são as expectativas depositadas sobre este amor é que o tornam doloroso?

Logo, parece mais interessante viver a adrenalina da busca pelo amor do que o próprio amor. Porque a acomodação no amor, pressupõe a falta de novas expectativas, logo, o ciclo nunca termina.

A inconstância humana talvez seja o que torna a vida tão intensa. O equilíbrio nunca é definitivo, pois estamos o tempo todo recebendo estímulos e alimentando expectativas a partir destes estímulos, tornando a balança sempre oscilante.

E quando para? E quanto o equilíbrio se assenta? Seria este o fim da vida?

Já dizia o filósofo Aristóteles: O sentido da vida é a busca pela felicidade, logo, supõe-se que ao encontrar a felicidade plena, não há mais sentido, não há mais o que se fazer aqui.

A Bíblia promete o céu como instância máxima de felicidade. Há quem questione a "paz eterna". Já imaginou ser feliz o tempo todo? Parece perfeito, mas será?

O que será a perfeição? Será que a perfeição existe? Parece algo inalcansável, mas ao mesmo tempo, desejável. Todos querem a perfeição, mas ninguém a tem...

Racionalmente todos temos objetivos concretos, mas emocionalmente, esses objetivos são mutáveis. Será possível viver sem emoção?

E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?

E quem irá dizer que não existe razão?

Apenas reflexões e provocações para atiçar a constância da instabilidade humana...

 

Inconsciente

29 janeiro, 2023

Você já reparou que quando tenta ignorar um sentimento, uma lembrança ou uma situação traumática, seu corpo passa a apresentar sintomas indesejados?
Este é um movimento do nosso corpo que transforma situações traumáticas em sintomas físicos. Por este motivo é tão importante trabalhar as emoções.
Geralmente a pessoa sente palpitações, calafrios, alterações na pressão arterial, dores de cabeça, dores musculares, e às vezes até alterações hormonais por causa das emoções não elaboradas.
Falar sobre o que sente, mesmo que seja doloroso, é essencial, pois permite refletir e compreender melhor sobre seus incômodos e senações.
Nem sempre será possível dizer em público ou compartilhar com alguém, pois em algumas situações é necessário confiança e segurança para tal, mas os sentimentos podem ser espressados através da escrita, desenho, do choro, ou de outra forma que seja possível para você. O importante é não reprimí-los!
#emoções #sentimentos #inconsciente #freud #psicoterapia #autoestima #psicanalise #autoconhecimento #psicologia #saudemental

 

29 de janeiro - Dia da visibilidade trans

29 janeiro, 2023
Desde pequeninas, somos estimuladas sobre como devemos nos comportar, o que devemos gostar e até mesmo sobre como devemos nos sentir diante de tudo o que acontece à nossa volta. Tudo isso em função da nossa genitália.
Com o passar do tempo, tudo isso parece muito natural, certas coisas arriscamos até dizer que "nasceram com a gente". E quando não nos adequamos à alguma dessas coisas, logo somos estimuladas a "corrigir", porque se é diferente, logo é visto como errado.
Mas lutar contra o que sentimos, quando as pessoas dizem que não sentimos, é algo bem difícil, né? Por muitas vezes, nos culpamos, nos julgamos e nos condenamos, simplesmente por "sentir diferente".
Alguns desses "sentires", com um pouco de resitência e insistência, acabam sendo aceitos pelas nossas famílias e sociedade, já outros não. Algumas formas de sentir não são toleradas, muito menos respeitadas, muitas vezes, nem mesmo por quem já lutou para que algo que sentia fosse reconhecido.
Esse "sentir diferente" não tolerado é o caso das pessoas trans, que não são bem vistas muitas vezes nem mesmo por outras minorias, que também lutam por suas "visibilidades".
Pessoas trans morrem todos os dias, mas ninguém sente falta, pessoas trans são violentadas, abusadas, "coisificadas", e ninguém luta por elas. E quando elas tentam lutar e resistir, são mortas! São "invisíveis" para a sociedade!
Ninguém se pergunta porque não conhecemos muitas pessoas trans velhas? Porque a expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 30 anos.
Ninguém se pergunta porque não conhecemos muitas pessoas trans formadas? Porque a maioria das pessoas trans são rejeitadas por suas famílias e não conseguem concluir seus estudos.
Ninguém se pergunta porque não conhecemos muitas pessoas trans fora da prostituição? Porque ninguém dá emprego para uma pessoa trans.
Geralmente pessoas trans são motivo de piada, chacota, desprezo. E eu pergunto por quê? Porquê tanto ódio de pessoas que só querem ser elas mesmas?
E pra quem diz que não sente ódio eu pergunto: Quantas pessoas trans estão no seu convívio social? Você já se questionou o porquê delas não estarem ali? Você consegue respeitar o nome social de uma pessoa trans?
Vamos abrir os olhos e enxergar as pessoas trans, ler as pessoas trans, ouvir as pessoas trans, incluir as pessoas trans em nossas vidas, entender as pessoas trans, e sobretudo respeitar as pessoas trans!
 

Metaforizando o processo psicoterapêutico

22 janeiro, 2023

O processo psicoterapêutico é como um caminho que conduz a pessoa à um estado de autoconhecimento, autonomia e autocontrole sobre sua organização psíquica.
Qualquer pessoa pode fazer psicoterapia, sendo necessário apenas estar interessada em adentrar este caminho, pois costumo dizer que nem sempre ele é fácil. Como todo caminho, podemos encontrar pedras, buracos, neblina, tempestades, mas também flores, paisagens e muitas coisas belas. Adentrar um novo caminho é sempre um desafio e muitas vezes requer bastante coragem.
Neste caminho, há uma vantagem bem grande: você não estará só! A psicoterapeuta ajudara nesta trajetória, não para que você não tenha obstáculos, mas para que você encontre a melhor maneira de passar por eles.
A escolha é sempre sua!
Caso escolha adentrar este caminho, estarei aqui para te ajudar.

 

Recarregue as energias!

21 janeiro, 2023

Com a vida corrida que nós temos, muitas vezes usamos os finais de semana para trabalhar em casa, fazer trabalhos extras ou outras atividades e nos esquecemos de cuidar de nós.
É importante reservar um tempo pequeno que seja para respirar fundo, admirar alguma paisagem, nem que seja o céu ou o jardim de casa, ou uma árvore na rua, e repousar por alguns minutos. A natureza nos traz tranquilidade e nos possibilita reorganizar os pensamentos, principalmente em momentos de grande tensão.



 

Ansiedade

21 janeiro, 2023

Ah! A ansiedade... Aquela sensação de que algo incomoda, mas não se sabe exatamente o que;


Aquele constante querer coisas que nunca satisfazem;


Aquele aperto no coração e a sensação constante de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento;


Aquele sentimento de que as situações difíceis nunca vão melhorar;


Uma angústia desesperadora, que não permite nenhum tipo de concentração;


O medo constante de encarar qualquer coisa que pareça diferente;


O pressentimento ameaçador, que assombra e assusta o tempo todo;


O sentimento de culpa, que te deixa péssima e sem coragem de questionar possíveis abusos;


A falta de sono e os milhões de pensamentos noturnos;


A vontade louca de rir e tentar mostrar que está bem pra ninguém perceber tudo aquilo que se passa pela sua cabeça;


A depressão... que chega depois de tudo isso e te nocauteia sem dó.




Sentir ansiedade é comum e natural para a maioria das pessoas. A ansiedade passa a ser um problema quando começa a prejudicar suas atividades de vida, rotinas de trabalho, relações interpessoais, autocuidado e até mesmo a própria saúde física.
Tratar a ansiedade com psicoterapia consiste em fortalecer a autonomia da pessoa para lidar com suas questões de forma mais assertiva, tornando-se capaz de compreender, ter controle e equilíbrio sobre seus anseios, angústias, expectativas e frustrações.
Você não precisa sofrer sozinha/o. Procure ajuda. Faça terapia!

 

Janeiro Branco

17 janeiro, 2023

Você sabia que janeiro é o mês de conscientização sobre a saúde mental?
Desde 1946, a Organização Mundial de saúde passou a entender o conceito de saúde não mais como ausência de doenças, mas sim como um completo estado de bem estar físico, mental e social.
A partir de então, a saúde vem sendo trabalhada de forma integral.
Nosso corpo reflete nossas emoções, portanto, quando nossa mente não está bem, provavelmente nosso corpo também não estará, por causa da somatização dos nossos sistemas e também pela diminuição do autocuidado.
Cuidar da saúde física também é uma forma de melhorar nossa saúde mental. Bem como garantir bem estar e segurança social também são essenciais.
São pilares que se interrelacionam e precisamos estar constantemente atentas para que nenhum deles seja prejudicado.



 

Boa semana!

16 janeiro, 2023

Beba água, respire fundo, concentra e vai!
Boa semana! ❤️

https://www.instagram.com/luhpeixotopsi/

 

Nunca deixe de sonhar!

16 janeiro, 2023

Nunca deixe de sonhar!
Olhar paisagens sempre nos traz um sentimento de esperança e isso é benéfico para nossa saúde mental.
Sonhar com dias melhores nos permite planejar onde queremos estar e o senso de realidade nos permite refletir sobre o que é preciso para alcançar o que desejamos.
Ou seja, o sonho e a realidade precisam estar alinhados e em equilíbrio para evitar sofrimentos desnecessários.

Deixo essa imagem linda de um nascer do sol na praia desejando-lhes uma linda semana!



 

Mais uma segunda se aproxima...

15 janeiro, 2023

O final do domingo geralmente costuma ser bastante angustiante para pessoas ansiosas.
Na segunda feira a maioria das pessoas retomam suas rotinas de trabalho e estudos, e consequentemente retomada do ciclo social destes ambientes, que nem sempre são agradáveis.
Muitas vezes, só de pensar que amanhã é segunda, a pessoa já começa a perceber sinais de desconforto por causa da ansiedade, podendo ter insônia, desânimo, dores de cabeça ou dores no corpo, tornando a segunda ainda mais "difícil".
Tente respirar, relembrar os seus feitos exitosos ou coisas que lhe tragam expectativas e motivação com relação ao seu planejamento semanal.
Nunca se culpe caso perceba que não conseguiu dar conta de todas as suas demandas. Respire fundo, tente concentrar-se no que ainda precisa ser feito e retome de onde parou.
Seja gentil consigo mesma, respeite seus limites e descanse!
Amanhã uma nova semana se inicia, embora ela traga muitas preocupações, também trará muitas possibilidades.
Boa semana!

 

10  de setembro: dois temas que se interrelacionam

9 janeiro, 2023

Dia 10 de setembro é o dia mundial de combate ao suicídio e é também o dia de combate à gordofobia.

Considerando que o suicídio é um problema de saúde pública e multifatorial, incluindo o sofrimento das pessoas gordas, acho importante trazer uma reflexão sobre a gordofobia.

Sou uma mulher gorda, nem sempre fui assim, e posso dizer que foram diversas causas que me levaram a ter este corpo hoje, uma delas foi justamente a pressão para não tê-lo!

Quando criança, “na época do bullying”, lembro do sofrimento da garota gorda da turma (e aqui cabe citar que a perseguição com os garotos gordos existia, mas com as garotas sempre foi mais cruel). Eu sofri muito bullying, pelos óculos, pelas roupas, pelo jeito, mas eu podia correr, eu podia me esconder pelos cantos, a gorda não.  Me lembro de um dia que a turma decidiu correr da garota gorda como se ela fosse um monstro. Lembro como se fosse hoje da feição de desespero dela.

Na adolescência, lembro da preocupação da minha família quando eu passei a usar roupas “M”, quando cheguei na “G” então, nem se fala! O que eu mais ouvia era: “você está engordando demais!”, “não coma, vai ficar gorda!”, ou “se você ficar gorda, ninguém vai te querer!”. Eu me olhava no espelho e não me via gorda, mas eu usava “G” e isso era “ruim”. Na verdade, eu era uma adolescente com muitas curvas, seios e quadril grandes, não era gorda, porém eu tinha muita dificuldade com tamanho de roupas, além disso, sempre me deparava com críticas, piadas e comentários sobre meu corpo.

Casei! Com 17 anos! Cheguei a ouvir que eu tinha que me casar logo antes de engordar mais, porque “se engordasse, não casaria nunca”. Em algum momento eu cansei de tudo aquilo, cansei de ouvir que eu era gorda sem me ver gorda, e “como eu já tinha marido”, passei a engordar de verdade. Não sei descrever o que eu pensava, mas parece que eu resolvi ceder a tantas críticas. De qualquer forma me veriam como gorda, então passei a fazer jus ao título.

Aos 20 anos me deparei com a gordofobia médica. Cheguei em uma consulta e em menos de 10 minutos saí com uma receita. Segundo a médica, aquele medicamento “resolveria meu problema”, em menos de um mês, lá se foram 20 kilos! No lugar deles vieram a depressão, a ansiedade, o pânico, o transtorno de humor, as ideações suicidas, a anemia, dentre outras. A partir daí, eu vivi o efeito sanfona. Confesso que a gravidez me devolveu a vontade de viver, mas todos os outros adoecimentos tem me acompanhado desde então.

Hoje, depois de muita terapia, posso dizer que sou uma mulher empoderada, consegui alcançar certa estabilidade emocional e protagonismo na minha vida. Me reconheço enquanto mulher gorda, consigo me amar, ter autoestima e desenvolver minhas atividades. Mas ainda assim, posso dizer que é muito difícil!

Encontrar uma cadeira confortável, passar por corredores apertados, andar de transporte público, comprar roupas, bem como todas as outras situações embaraçosas que a pessoa gorda enfrenta, são mecanismos de exclusão, cada limitação que a pessoa gorda enfrenta para estar nos lugares a fazem se afastar, de modo que lhe restam poucos espaços. Isso sem falar nos comentários ao seu corpo, olhares, críticas etc. Tudo isso gera intenso sofrimento.

Além disso, existe a gordofobia por parte dos profissionais de saúde! A obesidade é uma doença sim, mas vai além da dieta e exercícios. Ninguém é gordo porque quer! Existe muito sofrimento por trás disso e não é só “emagrecer”. Contei aqui a minha história (é claro que bem resumida, porque são anos de luta com meu corpo até chegar à esta reflexão), e acredito que cada um tenha a sua história de como chegou a ter um corpo gordo. Responsabilizar a pessoa gorda por seus problemas de saúde não é tratar, é violência!

E é neste ponto que pego o gancho do setembro amarelo. Todos os fatores que excluem a pessoa gorda da convivência social, todas as “broncas” do médico para emagrecer, todos os comentários acerca do seu peso, além da solidão da pessoa gorda leva ao que? Qual o prazer a pessoa pode encontrar na vida que ela não “cabe”?

O carboidrato, o açúcar e a fritura são o refúgio do gordo. Assim como o crack é o refúgio do narcótico, a nicotina do fumante e o álcool do etilista. Pessoas gordas precisam de cuidado e amor. Pessoas gordas não precisam de julgamento. Pessoas gordas precisam de cadeiras que lhes caibam, corredores que possam passar e atendimento em saúde que lhes reconheçam como elas são.

Não é prazeroso ser gordo e acredite, se pudéssemos, não chegaríamos a esta condição. Portanto precisamos de empatia com nossos corpos, espaços que nos caibam e tratamentos que não nos agridam, porque tomar medicamentos que nos geram transtornos mentais ou cirurgias invasivas não nos favorecem em nada, apenas nos adoecem mais.

https://www.al.pi.leg.br/tv/noticias-tv-no-periodo-eleitoral/97-8-das-pessoas-gordas-ja-sofreram-gordofobia-no-brasil#:~:text=No%20dia%2010%20de%20setembro,Mapeamento%20da%20Gordofobia%20no%20Brasil.

 

Será que você é louca ou vítima de violência?

9 janeiro, 2023

Você sabia que de acordo com a OMS, uma a cada 3 mulheres em todo o mundo já sofreu violência física ou sexual por parte de um parceiro íntimo ou violência sexual por parte de pessoa não íntima?

Além destas, existem outros tipos de violência, como a violência psicológica, violência patrimonial e violência moral. Estes casos geralmente não são contabilizados por falta de notificação. Na maioria dos casos em que a mulher sofre violência moral ou psicológica, ela nem se dá conta de que está sofrendo violência.

Até mesmo nos casos de violência física e sexual, o Brasil é um dos países com os maiores índices de subnotificação. Isso se dá muitas vezes pelos próprios serviços de acolhimento. De acordo com estudo realizado em Unidades Básicas de Saúde de Belo Horizonte – MG, profissionais relatam não fazerem a notificação por “medo dos agressores”, “medo de exposição” e até mesmo “excesso de outras demandas”

Em paralelo a isso, percebemos que cada vez mais as mulheres tem procurado os serviços de saúde com queixas de ansiedade e depressão. Estudos revelam que a utilização de psicofármacos por mulheres chega a ser duas vezes maior que por homens.

A partir destes dados, podemos constatar que o sofrimento das mulheres vítimas de violência não tem sido notificado, mas medicado.

Cabe refletir sobre este sofrimento. Porque as mulheres estão adoecendo tanto? Será que este adoecimento psíquico não se dá pelo fato de que estas mulheres estão sendo violentadas? Desde as exigências sociais em atender aos padrões de beleza, desigualdades de salário e oportunidades de crescimento no mercado de trabalho até a violência propriamente dita nos relacionamentos conjugais e parentais.

É urgente escutar estas mulheres, acolher este sofrimento de forma que que esta mulher seja capaz de compreender essas violências e tornar-se autônoma e empoderada para superá-lo. Ao medicá-la, estamos reforçando que o problema está com ela. É claro que em alguns casos a medicação se faz necessária, mas precisamos nos atentar para quebrar o estigma de que a mulher é "surtada" e precisa "se tratar".

Para finalizar esta reflexão, acho importante esclarecer que notificação é diferente de denúncia. As notificações de violência são compulsórias nos serviços de saúde e são mantidas em sigilo. Servem para contabilizar os casos de violência para que o município estabeleça políticas públicas de proteção naquele território.

Se você conhece alguma mulher em sofrimento, acolha-a sem julgamentos. É muito possível que ela sofra algum tipo de violência, e não acolher este sofrimento, é uma forma de revitimá-la.

Referências:

FONTANELA, Andreia Turmina. Uso de psicofármacos: uma abordagem de gênero: dados de pesquisa nacional sobre o acesso, utilização e promoção do uso racional de medicamentos – PNAUM 2014. UFRGS. 2017. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/179737.

KIND, Luciana et al. Subnotificação e (in)visibilidade da violência contra mulheres na atenção primária à saúde. Cadernos de Saúde Pública [online]. 2013, v. 29, n. 9. pp. 1805-1815. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-311X00096312>

SANTOS, Ione Barbosa dos et al. Violência contra a mulher na vida: estudo entre usuárias da Atenção Primária. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2020, v. 25, n. 5. pp. 1935-1946. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413-81232020255.19752018>.

 

O mendigo “sensual”, o personal “agressivo” e a mulher... Louca!

9 janeiro, 2023

A história

Um homem é visto agredindo outro homem ao encontra-lo fazendo sexo com sua esposa dentro do carro. Todos são levados para o hospital e posteriormente à delegacia, exceto a mulher, que é conduzida para uma clínica psiquiátrica.

O agredido está em situação de rua e afirma que a mulher o chamou e propôs fazer sexo de forma consensual. O agressor é marido da mulher e afirma que agrediu o homem por entender que sua esposa estava sendo violentada. A mulher não foi ouvida...

Mainsplaining e a falta de protagonismo feminino

Em pouco tempo de repercussão dessa história e dos vídeos de agressão, os dois homens foram chamados em diversos locais para dar entrevista e falar sobre o ocorrido. Cada um alcançou sua parcela de apoio, reconhecimento e visibilidade;

O marido fez discursos sobre amor e confiança em sua esposa, acusando o mendigo de agressão;

O mendigo fez discursos sobre sedução e sensualidade, sugerindo que a mulher não seria bem tratada em casa;

A mulher... Segue internada e isolada em um hospital psiquiátrico...

Aporofobia: Repúdio, aversão ou desprezo pelos pobres ou desfavorecidos; hostilidade para com pessoas em situação de pobreza ou miséria

Para surpresa de todos, o mendigo sabia se expressar e apresentava um discurso aparentemente coerente. O que rapidamente trouxe a hipótese de que talvez a mulher tenha querido mesmo transar com ele. O fato passou a repercutir de modo que o mendigo alcançou um fã clube, grande alcance em redes sociais, patrocínios e até partidos políticos se manifestaram com interesse em afiliá-lo e torna-lo candidato;

Com isso, o marido passou a ser visto como o “corno”, “agressor”, “preconceituoso”;

A mulher segue internada... Mas agora surge um áudio em que ela narra a situação de forma aparentemente confusa dizendo que via no mendigo a imagem de Deus e em outros momentos de seu marido. Segundo o marido, ela permanece isolada e o relatório médico declara que ela está incapaz de dar declarações ou responder por si;

Identificação Projetiva e Pós verdade

A maioria dos conteúdos são extraídos de redes sociais, páginas de fofoca ou jornalismo informal;

Cada versão é intensificada de acordo com a identificação de cada público que se identifica com seu autor;

O humor a partir da situação ajuda a repercussão se tornar ainda maior;

O marido processa o mendigo por expor a intimidade da mulher e da família, alcançando apoio da parcela mais tradicional da população;

O mendigo processa o marido pela agressão sofrida, alcançando apoio das parcelas mais minoritárias da população;

O mendigo declara apoio ao Bolsonarismo, o que faz com que essa parcela passe tentar incluí-lo na política;

A mulher segue silenciada, ou seja, voltamos na falta de protagonismo feminino.

Sexualidade x Confusão Mental

Em entrevista o marido diz: “Ela nunca estava satisfeita, sempre quis mais”, sem especificar sobre o que exatamente ela queria mais;

O mendigo diz em entrevista que “a mulher estava buscando algo que lhe faltava” sugerindo que a vida sexual da mulher não seria satisfatória;

No áudio da mulher, ela diz que de início via “Deus” no mendigo, mas em outro momento (após algumas atividades sexuais), relata que vê o marido ali.

Freud: A moral Sexual ‘cultural” e a doença nervosa moderna (1908):

“É razoável pressupor que, sob o domínio de uma moral sexual cultural, a saúde e a aptidão para viver de cada um dos seres humanos possam estar sujeitas a perturbações, e que esse dano causado nos indivíduos pelos sacrifícios que lhes são impostos atinja um grau tão elevado que, nesse desvio, a meta cultural final também seria colocada em perigo.”

Desfecho – Modernidade líquida

Depois de toda a repercussão, a mulher finalmente teve alta do hospital psiquiátrico e publicou um vídeo em suas redes sociais dizendo que passou por momentos difíceis, mas agora está bem e logo trará novidades para seus seguidores...

Como se todo o sofrimento pudesse ser liquidado e sua preocupação no momento é a de construir uma imagem nas redes sociais e alcançar seguidores;

No final, um episódio tão trágico trouxe fama e engajamento aos envolvidos;

Pelo menos a mulher foi capaz de resgatar seu protagonismo.

 

As pessoas te amam, até que você ouse gozar sem elas

9 janeiro, 2023

As pessoas te amam, até que você ouse gozar sem elas.
Nós estamos acostumados a nos blindar contra a inveja, “mau olhado”, etc., pois sabemos que nem todos vão comemorar nossas conquistas, e geralmente cabe a nós lidar com isso.
Mas quero chamar atenção pra algo que acontece de forma inconsciente, sutil e bastante perigosa, que é a castração do gozo.
Repare que estamos cercados de pessoas, e digamos que com o tempo e a convivência, vamos aprendendo a filtrar nossas relações e manter perto apenas aqueles que nos trazem segurança e de certa forma percebemos que querem o nosso bem.
Essas pessoas geralmente vão vibrar com nossas conquistas, como trabalho, estudos, e até aquisições, porém, o problema chega com o gozo.
Enquanto você está conquistando coisas que te mantém na atividade “funcional”, essas conquistas são bem vistas, agora quando você ousa fazer algo que te traga exclusivamente satisfação e prazer, comumente você ouvirá falas como: “está sendo egoísta”, “irresponsável”, “precipitado”, entre outros.
O fato de você priorizar-se incomoda. E na maioria das vezes, esse incômodo é inconsciente, e gera o que podemos chamar de “agressões involuntárias”.
Se parar pra pensar, cada um de nós já se viu incomodado ao perceber alguém gozante, é comum sentir-se inconformado, como se o gozo do outro fosse uma ofensa para os que não gozam. E o fato desse incômodo vir de pessoas que até então sempre estiveram ao seu lado comemorando todas as suas “conquistas úteis”, é muito provável que isso lhe traga certa “culpa” por gozar, o que torna o sentimento de egoísmo ou irresponsabilidade bastante forte, causando uma frustração por gozar sem o outro.
A repressão e a angústia de castração estão presentes em nossa vida de forma estrutural. Enquanto não nos permitirmos gozar e não permitirmos que o outro goze independente do seu gozo próprio, jamais romperemos esse ciclo castratório.
Reflita! E goze sempre que puder!

 

Reflexões sobre diversidades e deficiência

9 janeiro, 2023

Reflexão sobre o curso Diversidades: Aspectos da deficiência na prática, do Instituto Sedes Sapientiae realizado em setembro/outubro de 2021.

            Sempre que ouvia falar sobre deficiência, percebia um certo incômodo por parte das pessoas sem deficiência, e quando a fala não era pejorativa, sempre remetia à pena ou caridade. Quando conheci o termo “capacitismo”, percebi grande cobrança no cuidado com as palavras com relação às pessoas com deficiência, de forma a “não os machucar ou ofender”, mas confesso que nunca pude perceber este lugar. A sensação que tenho é que estamos sempre tentando protegê-los, mas de quê ou de quem? Hoje me dou conta de que sempre buscamos protegê-los de nós mesmos.

            Quando conheci o termo “inclusão”, parecia tão lindo, porque carregava o discurso de permitir que essas pessoas até então à margem, finalmente pudessem estar inseridos em espaços comuns, como se tudo estivesse finalmente “resolvido”. Muitas vezes me vi discutindo com pessoas anti-inclusão, defendendo esse discurso como se estivesse nas nossas mãos decidir ou não sobre os direitos das pessoas com deficiência.

            Até então, eu não tinha me dado conta de que em todas essas discussões, quem seriam os mais interessados não estavam presentes. Ou seja, estávamos falando sobre deficiência sem ouvir as pessoas com deficiência. E isso é exatamente o que tanto discursamos evitar: capacitismo!

            Eu nunca tinha percebido pessoas com deficiência em espaços de protagonismo e poder, e nunca me questionei sobre isso. Hipocrisia minha? Com certeza! Mas penso que não adianta nada criticar uma sociedade hipócrita, se nós fazemos parte dela. Logo, reconhecer nossa parcela de responsabilidade é um passo importante a ser dado nessa jornada de transformação social.

            Ao chegar em um curso sobre deficiência, idealizado e ministrado por pessoas com deficiência, é que finalmente pude me dar conta do quanto eu não sabia nada sobre deficiência, ou sobre inclusão, nem mesmo sobre protagonismo.

            Aí caiu a grande ficha de que incluir apenas não é suficiente! É necessário valorizar, abrir espaço, abrir mão de nossos privilégios, pois enquanto houverem privilégios, haverá desigualdade.

            Aprendi a observar os espaços, perceber as pessoas, perceber as pessoas com deficiência e finalmente me dei conta de que elas não precisam da nossa “ajuda”, mas sim, elas precisam de espaço!

 

Setembro amarelo

9 janeiro, 2023

Setembro foi o mês escolhido para trabalharmos a campanha de prevenção ao suicídio, e geralmente surgem diversas dúvidas, comentários e até mesmo críticas sobre essa campanha. Por ser um tema bastante delicado, nem sempre todas as dúvidas são sanadas, até mesmo porque, se tem um assunto que nós humanos jamais poderemos dominar, esse assunto é a morte.

A primeira dúvida/crítica que aparece muito durante o mês de setembro é a de que "foi lançado um mês para se conscientizar sobre o suicídio, mas passa-se o ano todo ignorando o sofrimento das pessoas". Talvez essa crítica venha carregada de certa indignação por ter passado por momentos difíceis e não ter encontrado acolhimento, ou até mesmo por perder amigos, parentes ou conhecidos por suicídio e perceber falta de ações que pudessem ter evitado a situação.

A questão é que nunca tivemos políticas ou campanhas suficientes para atender os problemas relacionados à saúde mental que enfrentamos na nossa sociedade. Atualmente, temos o setembro amarelo, mas até pouco tempo atrás, não tinhamos nada! O CVV (centro de valorização da vida) é uma organização sem fins lucrativos que existe há anos (desde 1962), acolhendo pessoas em risco de suicídio, porém até pouco tempo atrás era um serviço pouco conhecido e divulgado.

As informações sobre suicídios costumavam ser omitidas, pois acreditava-se que essas informações poderiam ter caráter de incentivo para a população. Pouco se falava em tratamento, as causas também não eram investigadas, ficando restritas à cartas deixadas pelos falecidos quando haviam, ou atribuídas a "perturbações espirituais" ou até mesmo a "escolha da pessoa". As famílias e amigos enlutados por suicídio acabavam ficando desassistidas e o risco de acontecer outros suicídios na mesma família sempre foi grande.

A omissão de informações e a falta de políticas de prevenção ao suicídio favoreceu o surgimento de diversos mitos sobre as possíveis causas do suicídio ou tentativas. O principal mito é o de que "quem ameaça não faz", transmitindo a sensação de que a pessoa que morre por suicídio queria morrer. Esse mito, além de minimizar o sofrimento, também contribui para que a pessoa hesite em pedir ajuda, pois ao sinalizar que pensa em tirar sua própria vida, acaba por ser repreendida ou desafiada com a idéia de que "isso é encenação" ou até mesmo como um sinal de fraqueza.

A verdade é que ninguém jamais vai saber o que a pessoa que morreu por suicídio sentiu, porque o ciclo da vida dela foi interrompido, e mesmo quando ela deixa uma carta, nem sempre aquela carta foi escrita no momento do ato, muitas vezes a pessoa pode ter feito alguns "ensaios", talvez até como um pedido de ajuda que não teve oportunidade de verbalizar. E para quem fica, talvez seja mais fácil entender que foi a vontade da pessoa, ou até mesmo que "seu sofrimento cessou".

Atualmente existem muitos estudos sobre prevenção ao suicídio, tratamento para pessoas com pensamento, ideação e tentativas de suicídio, e também pósvenção, que é o tratamento às pessoas enlutadas pelo suicídio. Todos esses estudos, tratamentos e estratégias, não podem tornar-se eficazes se não existir um diálogo aberto com a população. É necessário consicentizar as pessoas de que o suicídio é uma doença, e principalmente que as pessoas não "cometem" suicídio, porque o termo "cometer" remete a um atentado, uma ação voluntária, uma escolha. Quando na verdade não é bem assim.

A campanha Setembro Amarelo existe como uma forma de transmitir informação, derrubar mitos e promover ações coletivas para prevenção e acolhimento às pessoas em sofrimento. Ao falar sobre suicídio, todas as pessoas ficam atentas e torna-se possível identificar sinais de risco, as pessoas em sofrimento sentem-se mais seguras em pedir ajuda e as pessoas também se colocam à disposição para acolher mais pessoas, criando redes de apoio e proteção.

Mas porque só em setembro e não o ano todo?

Setembro é o mês de campanha, um período em que são realizadas diversas ações de conscientização e estratégias sobre o tema, mas nada impede que falemos sobre suicídio em outras épocas, inclusive, ações realizadas no setembro amarelo são colocadas em prática no decorrer do ano. Portanto, vamos aproveitar esse momento de campanha, para buscar e divulgar o máximo de informação possível, porque o suicídio é um problema de saúde pública de responsabilidade de toda a sociedade.

 

Sobre binariedade e transidentidades

9 janeiro, 2023

Simone de Beauvoir, em 1949 já dizia: "Não se nasce mulher, torna-se". Com isso, ela trazia a tona, a discussão que até os dias atuais ainda não está clara para a maioria das pessoas: O gênero é uma construção social!

Sabemos que nascer com vagina ou nascer com pênis, diz respeito apenas ao seu aparelho reprodutor. Tudo o mais é construção social! Gostos, preferências, sociabilidade, inteligência, emoções, afetos, orientação sexual e identidade de gênero são construções que cada um percebe ao longo de sua trajetória de vida, que inclusive podem ser modificadas conforme a própria trajetória.

A grande questão é: Como essas construções se dão na vida das pessoas? Será que essas percepções se dão de forma livre, ou são fortemente influenciadas por conceitos sociais naturalizados pela sociedade como se fossem pré condicionados para cada pessoa?

Exemplos muito comuns:

"meninas são mais emotivas, meninos são mais durões"

"meninas são mais criativas, meninos são mais práticos"

"meninas são mais cuidadosas, meninos são mais brutos"

Será que somos mesmo? Ou será que de tanto ouvirmos que somos, de fato não nos tornamos assim?

Quando uma menina nasce, ela é regada de coisas cor-de-rosa, flores, laços e corações. É sempre tratada com muita delicadeza e asseio, não sendo colocada em espaços vistos como agressivos ou agitados. Quando começa a crescer, recebe brinquedos como bonecas, roupas, mais laços e coisas de cuidado com o lar. E quando chega à adolescência, é tratada com muita atenção e cobranças, sendo constantemente reforçada sua suposta fragilidade e responsabilidade com o lar, não sendo permitido frequentar determinados espaços e sendo sempre cobrada a "dar-se o respeito"

Agora o menino, quando nasce, geralmente lhe é fornecido um espaço maior, com menos objetos e cores. Um quarto básico e com cores frias, espaço para movimentar-se e excessivo cuidado com a alimentação, para que ele cresça e seja forte e muito saudável. Começando a crescer, recebe carrinhos, bolas e é constantemente estimulado a correr e brincar em todos os espaços. Estar sujo por brincar lá fora não é espantoso para um menino, que é sempre colocado em espaços de atividade e liberdade. Ao chegar à adolescência, é estimulado a frequentar diversos espaços e a impor-se como homem, sempre estimulado a conquistar o respeito através da força e imposição.

E se a menina ou menino não seguem com esse protocolo?

Em famílias mais conservadoras, comumente são castigados e obrigados a agir conforme o esperado. Geralmente são visto como decepção e desgosto por parte da família. É comum também terem sua sexualidade questionada e induzidos a sentir-se incomuns por isso.

Essas construções sobre o gênero são fatores geradores de muito sofrimento, tanto para meninas, como para meninos, e no caso de uma pessoa transgênero, esse sofrimento é ainda maior.

Identificar-se com um gênero diferente do sexo que nasceu é algo que pode acontecer desde a infância, porém, geralmente por não ser algo aceito pela sociedade e pelas famílias, a criança começa a sofrer desde muito cedo.

Outra interpretação muito comum e errônea que ainda existe é sobre a compreensão binária de gênero. Essa compreensão determina que existem apenas dois gêneros, feminino e masculino, e no caso de uma pessoa ser trans, automaticamente ela precise "adequar-se" ao outro gênero. Porém não é bem assim.

Uma pessoa pode não identificar-se com o gênero de referência ao seu órgão genital, mas não necessariamente precisa adequar-se ao gênero oposto. A identidade de gênero pode ser transitória, e também pode ser autônoma. É possível estar fora dessa concepção binária e agir conforme suas vontades e identificações que podem contemplar comportamentos esperados para qualquer gênero. É possível ter vagina e assumir características vistas como masculinas, mas não necessariamente ser um homem, mas também pode ser que essa pessoa se identifique com um homem, e tá tudo bem! É assim que essa pessoa se identifica! Também é possível ter pênis e não identificar-se como homem, mas também não identificar-se como mulher. Um transgênero não precisa ter um padrão, essa pessoa é única e tá tudo bem! Cabe a sociedade respeitar o desejo desta pessoa!

O gênero é um construção social, portanto foram pré estabelecidas pela sociedade que cada gênero deve atuar conforme o esperado, subentendendo que se você não se identifica com um, automáticamente deve agir conforme o que é esperado para o outro gênero. Mas porque?

Porque existe a necessidade de encaixar as pessoas em quadrinhos e esperar que atuem conforme o que foi suposto que elas deveriam atuar? Porque é tão difícil respeitar o desejo real de cada um e favorecer-lhe liberdade para que atue conforme seu desejo e vontade?

Quer enternder melhor sobre as pessoas trans? inclua-as em seu meio social, não faça suposições sobre seus gostos e preferências e pergunte sempre sobre como ela gostaria de ser tratada. Isso é respeito, isso é inclusão!

Não cabe a ninguém julgar ou avaliar o comportamento de ningéum em função do seu órgão genital. Respeite cada um e poderemos constuir uma sociedade melhor!

 

Será que é amor?

9 janeiro, 2023

Queria compartilhar algo que visualisei nas redes sociais e me causou bastane incômodo: Uma postagem de um casal heterosexual com o seguinte trecho bíblico referenciado: "o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta".

Não é de hoje que essa idéia de que amar é sinônimo de aceitar tudo, sofrer, suportar defeitos, etc. E esse pensamento é o que tem mantido muitas mulheres em situação de vulnerabilidade e violência doméstica, porque a idéia de que quando você ama, tem que suportar tudo é muito forte nessas mulheres.

O apelo religioso também tem grande influência nesta idéia, pois quando se usa um versículo bíblico, pressupõe-se que aquilo é o certo a se seguir, literalmente é entendido como um "sinal divino".

Agora eu pergunto: Será que essa idéia de "tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" também é seguida pelos homens?

Analise aí nos seus relacionamentos, quando que houve toda essa tolerância por parte do outro "em nome do amor"?

É claro que muitos vão dizer que sofrem por você, que você é temperamental, estressada, surtada, histérica, perseguidora, etc... Muitas vezes vai até fazer você acreditar que você é tudo isso mesmo, e quem sofre na relação é ele! Mas convido-lhes a analisar os comportamentos e tolerâncias no relacionameno, se acontecem da mesma forma para ambos, ou se os comportamentos dele são tolerados porque você entende que "homem é assim mesmo".

Ninguêm tem que sofrer por ninguém! Se te faz sofrer, não é amor.

Você não é obrigada a acreditar cegamente em alguém, omissão não é o mesmo que verdade.

Ninguem é obrigado a esperar por alguém que não está disponível! Se não é recíproco, siga em frente!

E ninguém tem que suportar nada! Se você não concorda com os comportamentos daquela pessoa, siga em frente, não tolere comportamentos que te machuquem. Se te machuca, também não é amor.

O texto bíblico foi escrito em outro contexto totalmente diferente. Quem acredita e segue as religiões que usam a bíblia como base, compreendem aquele contexto em que foi escrito no livro e nada tem a ver com relacionamentos afetivos/amorosos.

Por fim, quero trazer uma observação: No texto eu me refiro a relacionamentos heterosexuais cisgênero, porque é o que a postagem sugeria e também por ser o que mais representa a estrutura machista patriarcal da nossa sociedade, mas essas situações também podem ocorrer em outros tipos de relacionamentos, e é toxico da mesma forma. O amor tem que ser livre e sincero. Tudo o que te faz sofrer, independente da circunstância, não é amor!

 

Sobre Relacionamentos abusivos

9 janeiro, 2023

Quem nunca esteve em um relacionamento abusivo?

Parece que é muito comum vivenciarmos situações de angústia, insegurança e muito sofrimento nos relacionamentos. Porém, nas entrelinhas de todo esse sofrimento, existem muitos momentos alegres e divertidos.

Já ficou comprovado pela ciência que nossa mente tende a apaziguar as memórias ruins, permanecendo mais vivas as memórias boas. No entanto, essas memórias ruins não são "apagadas" da nossa mente, são apenas guardadas em nosso inconsciente, retornando apenas quando são estimuladas por uma espécie de "gatilho", que nem sempre é uma situação semelhante, e nem sempre vai trazer a memória à tona, mas pode sim, causar um sintoma, provavelmente produtor de um "novo" sofrimento.

Exemplificando: Vocês vivem situações incríveis e muito prazeirosas, mas em alguns momentos rola algum atrito e vocês brigam. Quando o calor da briga passa, vocês rememoram os momentos prazeirosos e se reconciliam, nesse momento, o motivo que gerou a briga "vai pra debaixo do tapete" (o inconsciente), e vocês vão viver outros momentos incríveis e prazeirosos. O motivo daquela briga nem sempre foi resolvido, e vai ficar guardadinho ali num canto, e muitas vezes, você pode até não lembrar daquela briga, mas em uma próxima situação de atrito, aquele sentimento pode ser despertado, ampliando o atrito, muitas vezes gerando uma briga ainda mais intensa, e essas brigas passam a tornar-se constantes.

Chega um momento em que uma das partes, passa a se usar desses momentos para manter certo controle sobre a outra parte, de forma a rememorar os momentos de atrito de forma distorcida, para que a outra parte sinta-se culpada pelo atrito, e rememorando os momentos de alegria de forma intensificada, supervalorizando esses momentos de modo que a outra parte fique sensibilizada e insegura, como se viver sem esses momentos fosse impossível.

Esse movimento de controle é o que torna o relacionamento abusivo, e nem sempre significa que o abusador seja uma pessoa ruim, mas sim, que está em posição de vantagem sobre o outro. Uma pessoa que foi abusada em um relacionamento, pode tornar-se abusiva em outro. Tornar-se abusador em um relacionamento é uma forma de tentar manter este relacionamento na base do controle.

Arrisco dizer que o abusador também é vítima de si mesmo, pois ao mesmo tempo que tenta manter a outra parte sob seu controle, também se castiga, sob a ilusão de que está "por cima", quando na verdade ningúem está!

Percebe-se que o abusador também sofre, e sente-se incompreendido porque a vítima não age como ele gostaria que ela agisse.

Parece que estou defendendo o abusador, mas não! De maneira nenhuma! Estou apenas exemplificando que qualquer pessoa pode tornar-se abusador, dependendo da forma de controle que esta pessoa acha que pode ter sobre o outro. E isso é culturalmente naturalizado nas pessoas privilegiadas em detrimento de seu gênero, etnia e classe social. Quanto mais poder e privilégios a pessoa tem, mais propício é para ela tornar-se abusadora.

O que fazer para evitar estar em relacionamentos abusivos?

Consciência! Consciência sobre liberdade, e sobre o que é seu e o que é do outro. Entender que não se pode controlar o outro e nem permitir-se ser controlado requer reflexão, empatia e muito diálogo sobre expectativas e realidades dentro de um relacionamento.

Não é nada fácil desconstruir a cultura opressora que vivemos por conta do patriarcado, mas enquanto não questionarmos nossas atitudes que a mantém, jamais nos tornaremos verdadeiramente livres!

 

Visibilidade Trans

9 janeiro, 2023

Desde pequeninas, somos estimuladas sobre como devemos nos comportar, o que devemos gostar e até mesmo sobre como devemos nos sentir diante de tudo o que acontece à nossa volta. Tudo isso em função da nossa genitália.

Com o passar do tempo, tudo isso parece muito natural, certas coisas arriscamos até dizer que "nasceram com a gente". E quando não nos adequamos à alguma dessas coisas, logo somos estimuladas a "corrigir", porque se é diferente, logo é visto como errado.

Mas lutar contra o que sentimos, quando as pessoas dizem que não sentimos, é algo bem difícil, né? Por muitas vezes, nos culpamos, nos julgamos e nos condenamos, simplesmente por "sentir diferente".

Alguns desses "sentires", com um pouco de resitência e insistência, acabam sendo aceitos pelas nossas famílias e sociedade, já outros não. Algumas formas de sentir não são toleradas, muito menos respeitadas, muitas vezes, nem mesmo por quem já lutou para que algo que sentia fosse reconhecido.

Esse "sentir diferente" não tolerado é o caso das pessoas trans, que não são bem vistas muitas vezes nem mesmo por outras minorias, que também lutam por suas "visibilidades".

Pessoas trans morrem todos os dias, mas ninguém sente falta, pessoas trans são violentadas, abusadas, "coisificadas", e ninguém luta por elas. E quando elas tentam lutar e resistir, são mortas! São "invisíveis" para a sociedade!

Ninguém se pergunta porque não conhecemos muitas pessoas trans velhas? Porque a expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 30 anos.

Ninguém se pergunta porque não conhecemos muitas pessoas trans formadas? Porque a maioria das pessoas trans são rejeitadas por suas famílias e não conseguem concluir seus estudos.

Ninguém se pergunta porque não conhecemos muitas pessoas trans fora da prostituição? Porque ninguém dá emprego para uma pessoa trans.

Geralmente pessoas trans são motivo de piada, chacota, desprezo. E eu pergunto por quê? Porquê tanto ódio de pessoas que só querem ser elas mesmas?

E pra quem diz que não sente ódio eu pergunto: Quantas pessoas trans estão no seu convívio social? Você já se questionou o porquê delas não estarem ali? Você consegue respeitar o nome social de uma pessoa trans?

Vamos abrir os olhos e enxergar as pessoas trans, ler as pessoas trans, ouvir as pessoas trans, incluir as pessoas trans em nossas vidas, entender as pessoas trans, e sobretudo respeitar as pessoas trans!

 

Ansiedade

9 janeiro, 2023

Ah! A ansiedade... Aquela sensação de que algo incomoda, mas não se sabe exatamente o que;


Aquele constante querer coisas que nunca satisfazem;


Aquele aperto no coração e a sensação constante de que algo ruim vai acontecer a qualquer momento;


Aquele sentimento de que as situações difíceis nunca vão melhorar;


Uma angústia desesperadora, que não permite nenhum tipo de concentração;


O medo constante de encarar qualquer coisa que pareça diferente;


O pressentimento ameaçador, que assombra e assusta o tempo todo;


O sentimento de culpa, que te deixa péssima e sem coragem de questionar possíveis abusos;


A falta de sono e os milhões de pensamentos noturnos;


A vontade louca de rir e tentar mostrar que está bem pra ninguém perceber tudo aquilo que se passa pela sua cabeça;


A depressão... que chega depois de tudo isso e te nocauteia sem dó.

Quem nunca sentiu tudo isso que atire a primeira pedra!

Psicoterapia é essencial!

 

Desejo

9 janeiro, 2023

Nos tempos de Pandemia, os contatos físicos foram bastante reduzidos, e essa redução possibilitou muitas reflexões sobre como lidamos com nossos desejos.

Ser mulher em nossa sociedade significa ser objetificada e desejada sexualmente desde muito cedo, além de sermos estimuladas a valorizarmos este desejo, como sendo aprovatório ou classificatório.

Estimuladas, objetificadas, sexualizadas...

Chegamos num tempo em que a mulher recatada não é mais interessante, a mulher moderna chama muito mais atenção! Ela é ousada, independente e gosta de sexo!

Mas essas características modernas favorecem a quem? Quem mais se beneficia da mulher ousada, independente e sexualizada, se não os próprios homens?

Ousada para vestir-se de forma provocante, mandar nudes, sair à noite e dançar sem pudor... Independente pra trabalhar, pagar as contas, ter seu próprio carro e casa... e sexualizada para satisfazer todos os "seus" desejos...

Desejos de quem?...

Se você é mulher, reflita sobre quantas vezes se usou da sua pseudo liberdade para satisfazer os desejos dos homens. Quantas vezes esteve em uma situação constrangedora em que se sentiu coagida a fazer algo que talvez não quisesse? E quantas vezes tentou sentir-se satisfeita em submeter-se à essas situações?

Longe de mim defender o modelo de mulher recatada e oprimida em que as mulheres sempre foram submetidas. Mas quero levantar um questionamento sobre o conceito de mulher moderna que tanto lutamos para conquistar. Será que estamos livres mesmo? Ou será que estamos apenas em gaiolas "maiores"?

Vamos conversar sobre isso?

 

A palavra "não"

9 janeiro, 2023

Recentemente tenho refletido muito sobre o significado da palavra "não" e sobre como seu significado pode ser diferente de acordo com a classe social, a cor e o gênero de quem a diz. Explico:

Para que seu "não" seja respeitado, não basta dizê-lo, é necessário também que você exerça alguma relação de poder sobre a pessoa que irá receber o seu não, caso contrário, o seu não provavelmente não será acatado, ou será absurdamente questionado até que você diga um sim ou a situação torne-se constrangedora. Sabe aquela conversa de "não aceito um não como resposta"? Então, é mais ou menos isso.

Exemplos: Se um chefe te pede para ir a um evento que você não queira. Se disser que não, será respeitado?

E se um homem pedir um beijo a uma mulher na balada e ela disser que não. Será respeitada?

Nem vou citar um exemplo racial aqui, mas será que o "não" das pessoas negras e indígenas são respeitados?

E o não das pessoas LGBTQUIA+? É respeitado?

Muitos vão dizer que sim, que esees "nãos" serão respeitados, mas aí eu pergunto: Quantas vezes esse "não" precisa ser repetido para que seja respeitado? Quantos argumentos precisam ser ditos para que esse "não" seja acatado?

E pergunto ainda: E se fosse o contrário? Seria da mesma forma?

Como mulher, constantemente eu me vejo em situações em que preciso dizer não para homens, e geralmente esse "não" tem que vir acompanhado de diversas justificativas e ser repetido várias vezes até que seja acatado, ou eu acabe "mudando de idéia". Agora todas as vezes em que um homem me disse não, ali encerrou-se o assunto.

Mulheres, quantas vezes vocês já se viram nessa situação? Quantas vezes vocês desistiram de dizer não, porque sabiam que não seria acatado?

Homens, qual a dificuldade de entender que não significa não?

 

"Apenas mais uma de amor"

9 janeiro, 2023

Sabe, faz um tempo que eu tenho observado as relações humanas e como nós lidamos com elas. Queria muito encontrar na ciência uma resposta sobre as nossas vulnerabilidades emocionais, porém, concluí que tentar definir nossas emoções é como tentar contar a areia do mar, impossível!

O inconsciente é muito mais profundo do que possamos imaginar, e a maior parte das nossas emoções estão ali, escondidinhas, por isso, ao invés de tentar definí-las ou solucioná-las, talvez seja mais sensato aprender com elas. Ao passo que vivemos, sentimos e nos permitimos refletir sobre nossas emoções e atitudes, somos capazes de torná-las conscientes e consequentemente termos um pouco mais de controle sobre elas.

Nas minhas três décadas e meia de vida, eu passei por relacionamentos bastante complicados, os familiares, as amizades de infância, amizades adultas, e principalmente os amorosos. E hoje quero escrever sobre um relacionamento específico, um relacionamento amoroso que foi bem curto e bastante conturbado, mas me permitiu perceber muitas coisas, principalmente sobre a profundidade de nossas emoções inconscientes.

Conheci essa pessoa numa época da minha vida em que já me definia bastante feminista e empoderada, inclusive já tinha desconstriudo muito sobre o amor romântico e relacionamentos monogâmicos, mas... de repente me vi presa alí, vulnerável e "apaixonada": Eu tinha crises de ciúmes, deixava tudo de lado para estar disponível, sofria, agia de forma descontrolada, e aos poucos fui deixando de ser eu, porque queria muito ser "nós".

Essa pessoa tinha um discurso que parecia sincero, trazia sofrimento, e relatava ter vivido muitos relacionamentos abusivos. Eu, compreensiva, acreditava que podia trazer felicidade para aquela pessoa, mas ao dar felicidade, eu não me dava conta de que abria mão da minha própria felicidade. E aos poucos, eu queria tanto cuidar, que passei a maternar...

Eu dizia pra mim mesma que não tinha ciúmes, mas eu acreditava que a pessoa só estaria segura comigo... Quando a pessoa dizia que não podia me ver, eu criava alternativas, eu ia até lá, eu fazia, eu projetava, porque eu acreditava que a pessoa queria estar comigo, e a pessoa alimentava a minha crença... Teve um tempo em que a pessoa tentava se desvenciliar dos meus cuidados, dizendo que precisava cuidar das suas feridas anteriores, mas eu insisitia que eu daria conta de cuidar disso, porque afinal, eu era uma mulher foda, que sempre dava conta de tudo...

Mas a pessoa me traiu, desprezou todo o cuidado que eu disponibilizei a ela, para cuidar de um outro alguem... e aquilo foi cruel, doloroso, devastador... mas eu não acreditava que a pessoa fez aquela escolha, eu continuava maternando, eu queria de alguma forma mostrar que os meus cuidados eram melhores, e essas tentativas me destruiam a cada dia, até que não sobrou nada de mim, nem de "nós".

Levou um tempo pra me reconstruir, e principalmente pra eu perceber que a pessoa foi errada sim, em mentir, em trair, em não ter responsabilidade afetiva. Mas eu havia me colocado naquela situação! Eu me fatiei e coloquei na bandeja para que a pessoa usasse da parte que lhe convinha e deixasse o restante de canto até jogar fora quando não lhe interessasse mais. E hoje, faço essa reflexão para tornar consciente toda essa minha vulnerabilidade, a qual não foi a primeira vez que me submetia.

Outro ponto importante a refletir é sobre essa repetição: enquanto não tornarmos a experiência consciente, ela vai se repetir, e cada vez com mais intesidade!

Em Além do Princípio do Prazer, Freud fala sobre a "tolerância ao desprazer" em busca de um ideal de satisfação, e é mais ou menos o exemplo que eu coloquei no post anterior sobre responsabilidade afetiva. Parece que nós idealizamos uma felicidade tão grande nos relacionamentos amorosos, que somos capazes de nos submetermos a qualquer coisa em nome dessa felicidade idealizada, e a frustração de não alcançá-la é realmente devastadora, assumindo muitas vezes uma função escravizante, onde nos "entregamos de bandeja" para a pessoa amada. E para quem recebe essa "bandeja", realmente é muito fácil aproveitar né! É nesse ponto que as relações abusivas se fortalecem.

Acho que a mensagem desse texto é: tenhamos cuidado! Estejamos atentas às nossas emoções e tornêmolas conscientes, deste modo talvez não entreguemos o controle da nossa vida a quem não sabe cuidar (e ninguém sabe melhor que nós mesmos).

OBS. Fiz questão de deixar o gênero indefinido no texto, porque ninguém está isento de se tornar abusivo, principalmente se encontrar possibilidades para tal. Muitas vezes, somos nós mesmas que criamos o abusador.

 

Responsabilidade Afetiva

9 janeiro, 2023

"Atire a primeira pedra quem nunca sofreu por amor"

A frase acima traz uma concepção naturalizada sobre o sofrimento presente no amor romântico, reforçando a idéia de que todas as pessoas que amam, sofrem. Outra frase muito comum que ouvimos sobre o amor é que "o amor tudo suporta", neste caso, notamos a naturalização do amor como compensatório ao sofrimento, ou como uma força inabalável que tem por obrigação aguentar toda e qualquer situação adversa que apareça diante desse amor. E a frase que eu entendo como a mais perigosa, é a que diz: "o amor transforma", neste caso, o amor toma a responsabilidade e o poder de mudar as pessoas, comoum solucionador de qualquer problema.

Pensando nessas frases, imaginemos uma pessoa apaixonada por algúem. Esse alguém será o objeto de desejo dessa pessoa, e consequentemente a sua idealização de felicidade. Essa pessoa apaixonada sofre ao pensar que talvez esse alguém, idealizado em trazer-lhe felicidade, talvez não compartilhe do mesmo sentimento, mas logo entende que esse sofrimento "faz parte do ato de amar", amparada no pensamento naturalizado de que "o amor é sofredor". Logo, essa pessoa vai atuar de todas as formas possíveis para que o algém amado possa estar ao seu lado. Nesse momento, para a pessoa apaixonada, o alguém amado é responsável por sua felicidade.

Ao relacionar-se com o alguém amado, a pessoa apaixonada se depara com algumas situações desagradáveis, as quais não proporcionam felicidade, como por exemplo alguns comportamentos do alguém amado que não lhe agradam como gostaria. A pessoa apaixonada sofre, ao perceber que o alguém amado não compartilha dos mesmos sentimentos, mas aguenta firme, porque entende que "o amor tudo suporta".

Suportar determinadas situações passa a tornar-se doloroso demais, e a pessoa apaixonada passa a buscar alternativas para que o alguém amado mude, porque acredita que "o amor transforma", e nesse momento, ela acredita que a transformação é que lhe trará a tão desejada felicidade .

Agora eu pergunto: Será que o amor realmente tem que ser sofredor, forte e transformador?

Posso dizer que eu mesma, me identifiquei nessa condição de "pessoa apaixonada", e não serei eu que atirarei a primeira pedra, porque eu também já sofri por "amor". O que me faz trazer outra pergunta: Será que era amor? Ou será que o gerador de sofrimento das nossas relações são as nossas expectativas com relação às funções do amor e responsabilidade em gerar felicidade?

E é aí que entra o assunto sobre a Responsabilidade Afetiva, porque no nosso exemplo, o alguém amado é responsável pela felicidade da pessoa apaixonada, mesmo que ele não saiba (ou prefira não saber), e a isenção dessa responsabilidade, automaticamente torna-se geradora de sofrimento para a pessoa apaixonada, tornando-a então responsável por transformar o alguém amado em provedor da sua felicidade. Essas responsabilidades aparentemente são produções exclusivas pessoa apaixonada, mas o alguém amado participa ativamente de todo esse processo, beneficiando-se de todo o afeto empenhado nessa relação por parte da pessoa apaixonada, e assim favorecendo a manutenção do sofrimento da pessoa apaixonada, que neste momento não é capaz de racionalizar mais nada, por estar tão empenhada em sofrer e suportar tudo o que parecer necessário, a fim de que um dia, todo esse sofrimento possa ser transformado na tão esperada felicidade.